quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Regressão à infância e a febre dos desenhos animados.


Em mais uma expressão clara do poder do Facebook, tem-se assistido a uma invasão massiva de desenhos animados como fotos de perfil. Apesar de tanto boneco junto já começar a ser extremamente boring, consigo perceber que traga uma certa nostalgia e que uma grande maioria esteja deliciada com o fenómeno. Agora, não posso deixar de sentir pena por algumas pessoas cuja infância ficou marcada pela Hello Kitty ou o Topo Gigio. Tanto desenho animado em condições e foram estes palermas que os marcaram? Pobres infelizes. Se é para isto, mais valia terem ido trabalhar para a fábrica de uma grande multinacional, como fazem as crianças da Indonésia - sim, elas não são obrigadas, só vão porque não têm desenhos animados decentes para ver.

Imaginemos agora, se esta regressão à infância fosse extrapolada para a vida real. 

Suponho que muita gente iria para o trabalho ao pé "coxinho", como quem joga à "Macaca".  Aqueles que optam pelo autocarro, iriam colados ao motorista a perguntar, de 2 em 2 minutos, "Já chegámos? Quanto tempo é que falta?".  Claro que o último a chegar ao trabalho seria um ovo podre e quando fosse altura de entregar o relatório ao chefe, jogava-se à "Apanhada" ou à "Batata Quente" (acho que isto já é mais usual).

Pela hora de almoço, a cantina das empresas seria um inferno. Um monte de engravatados a chorar e berrar para não comerem a sopa toda, enquanto outros lá se resignavam desde que alguém lhes desse a sopa à boca e empregasse a técnica do aviãozinho. Acabados de comer, lá iam felizes para o recreio - fumar um cigarro e beber um café - mas não sem antes atirarem uns balões de água aos fiscais da EMEL que passavam na rua.

De volta ao trabalho, o mais espertalhão da turma, ou departamento (como queiram), punha a circular um pequeno bilhete a dizer "O Zé das fotocópias faz xixi na cama ihihih" - o que causaria a gargalhada geral. E que reboliço seria! Se o chefe apanhasse o autor da brincadeira é que era pior...teria que ir para o canto da sala, ficar de pé e de costas para os colegas, até ao fim do horário laboral!

Já em casa, uma discussão conjugal sobre o facto de o marido não ajudar a mulher nas tarefas domésticas seria qualquer coisa como:

- Nunca me ajudas a fazer o jantar ou a arrumar a casa! És um egoísta preguiçoso!
- Quem diz é quem é!
- E pára de ser infantil!
- Não estou a ser infantil! Tu é que cheiras mal da boca!

Claro que uma divergência destas seria facilmente ultrapassada com uma sessão de sexo ardente. Num contexto normal o marido diria:

- Estou louco para te despir e atirar para cima da cama...
- Mas hoje sê mais meigo que não quero à bruta...'tá?

Dado a regressão à infância verificada, o diálogo seria:

- Queres brincar aos pais e às mães?
- Sim, mas hoje não vale bujas!

É no meio desta brincadeira que se ouve o filho do casal gritar do lado de fora do quarto:

- Mãaaae! Paaaaai! Ainda tenho foooome! Estão a brincar às "Escondidas"?
- Sim, a mamã já vai, agora está no coito! 

Ok, rebenta a bolha.












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