terça-feira, 26 de outubro de 2010

Pequenos pormenores


Nos milhões de pormenores que nos rodeiam na vida quotidiana, há uns particularmente parvos.

Por exemplo, pôr as mãos nos bolsos e deixar o polegar de fora. Sinceramente, não entendo – e não me venham dizer que dá estilo, tipo cowboy, porque não dá. O que me dá mesmo impressão é que esta tomada de posição perante o polegar é uma clara discriminação: “Ah, este é gordo e anão, pode ficar ao frio!”. Não se faz. Tem tanto direito ao calor e segurança do bolso quanto os outros.

Octogenários com pressa…este é outro caso. Sou apologista do “aproveitar a vida” e concordo que um pouco de adrenalina nos faz sentir vivos, mas será mesmo necessário atravessar a rotunda do Marquês de Pombal com o semáforo vermelho? Pior ainda, quando se atravessa a estrada a dar passinhos de bebé – o que não deixa de ser irónico. Se estes senhores querem adrenalina, experimentem ir para a Loja do Cidadão dos Restauradores, também acelera o batimento cardíaco mas sempre é menor o risco de partir a bacia.

De todo o pormenor fértil em idiotice, há um que me corrói as entranhas sempre que sou presenteado com tão execrável acto. O que é? É a mania que algumas pessoas têm de dizer tudo com diminutivos – mas pior, não só dizem tudo em diminutivos como ainda têm o desplante de usar na mesma frase as terminações “inho” e “ito”. Ora, chego bem disposto a um café e peço “Quero um pão com manteiga e um café, se faz favor”. Respondem-me com uma voz fininha e um sorriso forçado enquanto dizem “Aqui está o seu cafezinho e o pãozinho com manteiguita! Quer mais alguma coisinha? Olhe que temos aqui um óptimo suminho de laranjita!” – que insuportável! É que nem nos livros da Anita se fala assim! É nestas alturas que devia aparecer uma mão gigante a desferir um par de galhetas no energúmeno que fala assim.

Estes tipos de vivências do dia-a-dia são altamente desgastantes para quem tem o infortúnio de as presenciar. Mas deixo o desafio, experimentem atravessar seis faixas de rodagem à hora de ponta, com as mãos nos bolsos e o polegar de fora, e a gritar “Cuidadinho! Não quero ficar aleijadito!”. É uma sugestão.


2 comentários:

  1. Um qualquer bloguista que pensa o mesmo que tu sobre esses anormais que so falam com diminutivos:
    “Algumas pessoas sabem o quanto isso me irrita. Mas no fundo que merda é essa de “diminutivos”?! Acho que é uma daquelas cenas que a nossa gramática tem, mas nem ela sabe para que serve e qual a sua utilidade. Um pouco como as tunas.
    O diminutivo é algo que diminui a palavra, torna-a mais pequena e, irritantemente mais querida e ternurenta. Em vez de dizerem “querida” dizem “queridinha”. Este tipo de pessoas caracterizam-se por serem irritantes, chatas e por usarem os diminutivos em praticamente todas as palavras que utilizam. “Queridinho, leva o guarda chuvinha senão chegas a casa todo molhadinho..” Mas que merda é esta?! Na minha opinião das duas uma. Ou enviamos estas pessoas todas para uma ilha ou as fuzilamos. Não vejo outra solução.
    Estas pessoas deixam as pessoas sãs, como eu (ou não), à beira do suicídio, logo perdemos a vontade de fazer alguma coisa, a desmotivação toma conta de nós. Mas logo aparece alguém que nos diz: “Estás tristinho. A vidinha não te corre bem?!” Aí é que uma pessoa perde mesmo a vontade de lutar..
    Eu acho que estas pessoas deviam andar identificadas na rua com uma placa, ou um emblema a dizer “Sou chatinho e utilizo diminutivos” mas com cores berrantes e néons! Um gajo via uma pessoa destas e fugia logo!
    É que depois as pessoas não vêem o ridículo em que caem!
    (…)
    Mas se há coisa que irrita mesmo são os namorados e a linguagem que utilizamos. Vocês já pararam para pensar nas merdas que dizemos quando namoramos?! Não há linguagem mais complicada do que a do amor. Se há coisa que detesto é ver um casal de namorados. Mãozinha dada, sempre com sorrisos. Depois começam com beijos dignos de ida ao motel. Nem sei como conseguem respirar. E se ambos se engasgam?! Gostava de ver isso acontecer!
    Não conheço linguagem com mais diminutivos do que a de um casal de namorados, especialmente se ainda estiverem a começar. Uma conversa é algo mais ou menos assim:
    - “Meu amorzinho, és o meu docinho, o meu Sol”
    - “Ai, meu queridinho, sinto que vamos ser tão felizes. Adoro-te tanto”
    - “És tão mentirosa, meu torrãozinho. Eu é que gosto mais de ti, minha abelhinha..” - “Não gostas nada. Eu gosto mais de ti, meu príncipezinho”
    Não há maior conversa de bestas do que isto. Porque é que esta gente dá tanto nas vistas?! Já todos viram que eles namoram, quanto mais não seja pelas mãos dadas, mas não.. ainda começam com estas conversas e dão cabo do juízo a quem os tem de aturar! Quando a relação já está a dar as últimas e as discussões são freqüentes, aparecem os aumentativos, nada mais nada menos que o contrário dos diminutivos que são mais uma merda que a própria gramática não sabe para que servem. Tratam-se de expressões cujo objetivo é aumentar a palavra, fortalecer o seu significado. Por exemplo, o “és o meu bizerrinho” passa a “És uma vacazona!”, ou termos parecidos como “cabrão”, “porcalhão”, “cabrona”, etc.. Resultado, a relação acaba, cada um toma o seu caminho. Algum tempo mais tarde, começa tudo outra vez. Cada um conhece outra pessoa e voltam as “abelhinhas”, os “torrõezinhos”..
    Vai-se lá entender estas coisas.”

    Enfim...

    Beijinho,

    Inês

    ResponderEliminar
  2. Um qualquer bloguista que pensa o mesmo que tu sobre esses anormais que so falam com diminutivos:
    “Algumas pessoas sabem o quanto isso me irrita. Mas no fundo que merda é essa de “diminutivos”?! Acho que é uma daquelas cenas que a nossa gramática tem, mas nem ela sabe para que serve e qual a sua utilidade. Um pouco como as tunas.
    O diminutivo é algo que diminui a palavra, torna-a mais pequena e, irritantemente mais querida e ternurenta. Em vez de dizerem “querida” dizem “queridinha”. Este tipo de pessoas caracterizam-se por serem irritantes, chatas e por usarem os diminutivos em praticamente todas as palavras que utilizam. “Queridinho, leva o guarda chuvinha senão chegas a casa todo molhadinho..” Mas que merda é esta?! Na minha opinião das duas uma. Ou enviamos estas pessoas todas para uma ilha ou as fuzilamos. Não vejo outra solução.
    Estas pessoas deixam as pessoas sãs, como eu (ou não), à beira do suicídio, logo perdemos a vontade de fazer alguma coisa, a desmotivação toma conta de nós. Mas logo aparece alguém que nos diz: “Estás tristinho. A vidinha não te corre bem?!” Aí é que uma pessoa perde mesmo a vontade de lutar..
    Eu acho que estas pessoas deviam andar identificadas na rua com uma placa, ou um emblema a dizer “Sou chatinho e utilizo diminutivos” mas com cores berrantes e néons! Um gajo via uma pessoa destas e fugia logo!
    É que depois as pessoas não vêem o ridículo em que caem!
    (…)
    Mas se há coisa que irrita mesmo são os namorados e a linguagem que utilizamos. Vocês já pararam para pensar nas merdas que dizemos quando namoramos?! Não há linguagem mais complicada do que a do amor. Se há coisa que detesto é ver um casal de namorados. Mãozinha dada, sempre com sorrisos. Depois começam com beijos dignos de ida ao motel. Nem sei como conseguem respirar. E se ambos se engasgam?! Gostava de ver isso acontecer!
    Não conheço linguagem com mais diminutivos do que a de um casal de namorados, especialmente se ainda estiverem a começar. Uma conversa é algo mais ou menos assim:
    - “Meu amorzinho, és o meu docinho, o meu Sol”
    - “Ai, meu queridinho, sinto que vamos ser tão felizes. Adoro-te tanto”
    - “És tão mentirosa, meu torrãozinho. Eu é que gosto mais de ti, minha abelhinha..” - “Não gostas nada. Eu gosto mais de ti, meu príncipezinho”
    Não há maior conversa de bestas do que isto. Porque é que esta gente dá tanto nas vistas?! Já todos viram que eles namoram, quanto mais não seja pelas mãos dadas, mas não.. ainda começam com estas conversas e dão cabo do juízo a quem os tem de aturar! Quando a relação já está a dar as últimas e as discussões são freqüentes, aparecem os aumentativos, nada mais nada menos que o contrário dos diminutivos que são mais uma merda que a própria gramática não sabe para que servem. Tratam-se de expressões cujo objetivo é aumentar a palavra, fortalecer o seu significado. Por exemplo, o “és o meu bizerrinho” passa a “És uma vacazona!”, ou termos parecidos como “cabrão”, “porcalhão”, “cabrona”, etc.. Resultado, a relação acaba, cada um toma o seu caminho. Algum tempo mais tarde, começa tudo outra vez. Cada um conhece outra pessoa e voltam as “abelhinhas”, os “torrõezinhos”..
    Vai-se lá entender estas coisas.”

    Enfim...

    Beijinho,

    Inês

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