segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Nomofobia – a ansiedade por não ter telemóvel

Sabem quando ficam todos histéricos, quase a espumar da boca, porque o iPhone ficou sem bateria ou porque se esqueceram dele em casa? É isso, uma doença ridícula. Está provado que os mais viciados chegam a ter falta de ar e dores de cabeça. Ah, e chegam também a ter falta de amigos e de vida como deve ser (são sintomas que não vêm no estudo mas que eu decidi acrescentar).

Esqueci-me do telemóvel em casa. Pânico.
O dia todo a pensar “Ai, f*da-se, e agora? E se alguém me manda uma mensagem a dizer absolutamente nada de relevante e eu não respondo a dizer coisas que acrescentam uma quantidade enorme de nada à discussão?”. 
Sim, é trágico.

Hoje em dia, um restaurante sem rede é como um restaurante só para não fumadores. Faz com que de meia em meia hora o nomofóbico tenha que ir à rua apanhar um bocadinho de rede, como quem vai fumar um cigarrinho.

- ´Bora fumar um cigarro?
- Não fumo. Mas vamos lá que já me estou a coçar todo para ir ler actualizações de status sobre estar uma noite super agradável para estar numa esplanada a navegar no Facebook e a ver as pitas a “postar” fotos badalhocas a fazer “duck face”, em vez de prestar atenção aos amigos.

Aliás, os restaurantes podiam ter zonas só para nomofóbicos, com wifi, carregadores de telemóvel e onde a sobremesa era sempre créditos para o Candy Crush. As mesas seriam individuais porque este tipo de pessoas não consegue jantar fora sem fazer check-in no restaurante, actualizar o status a dizer que está a jantar com os seus amigos Rúben Júlio e Sheila Yolanda e tirar uma foto à comida para o Instagram , mesmo que seja a merda dos bifinhos com cogumelos do costume.

Há casos extremos. Há pessoas que revelam claramente falta de sexo porque esfregam o ecrã táctil como se de preliminares se tratasse. Calma, pessoal. Experimentem fazer isso uns nos outros que vão ver que tem muito mais piada. Mas é mesmo uns nos outros, não é a ver as fotos de gente gira no Facebook e a molhar o dedo antes de virar a página no iPad.

Há quem diga que isto são doenças modernas. Eu não acho. De certeza que há milhares de anos, o pessoal das cavernas quando ia fazer excursões do INATEL dizia a meio da viagem: “Eish! Esqueci-me de trazer uma fogueira para fazer sinais de fumo. Precisava mesmo de dizer ao Joca que estou com comichão no saco…É uma informação que gostava mesmo de partilhar com ele.”.

Ou então são mesmo doenças modernas. E parvas.
E se estão com falta de atenção e é por isso que se agarram tanto aos telemóveis, larguem isso e vão conviver a sério com a família e amigos. Bebam copos, conversem, engatem, joguem, o que quiserem. Mas dêem descanso aos dedos, pelo menos no que ao ecrã táctil diz respeito.

E em vez de terem nomofobia, tentem passar a ter estupidofobia.

Medo de ficar estúpido, ou medo da estupidez alheia. Tanto faz.


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