sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Um médico foi absolvido de violação "porque não foi muito violento"

Como é devagarinho não conta! É como cometer só meio homicídio ou corromper um árbitro só com meia prostituta (uma que seja anã, por exemplo). Ah, e quando se tem um golfinho pequeno, ainda dá para acusar a vítima de ter gozado com o tamanho do dito e sacar uma indemnização.

Mas enfim, já estalou a polémica! E nem sequer entendo porquê. É praticamente dogmático que se uma mulher se recusar a ter sexo connosco é apenas e só porque não se sente inspirada e tem medo de não nos agradar, porque é sabido que todas (todas!) as mulheres querem todos os homens. Certo, doutor?

Segundo os juízes, "agarrar a cabeça (ou os cabelos) de uma mulher, obrigando-a a fazer sexo oral e empurrá-la contra um sofá para realizar a cópula" não são actos violentos o suficiente. Isto, mesmo que ela tivesse ido ao médico para ser tratada (quem diria?) e não para se tornar actriz porno à força.

Agora, senhores juízes e senhor doutor, lá porque andaram todos a ler o 50 Sombras de Grey, não quer dizer que possam fazer tudo o que está lá escrito contra a vontade de alguém e achar que, como não é muito à bruta, é na boa! Não dá para chegar ao pé de uma desconhecida qualquer, algemá-la a uma paragem de autocarro e começar a dar-lhe umas palmadas enquanto gritam no meio da rua "Sua safada! Onde é que ias com esses sacos das compras, hã? Galdéria!". Não dá, ok? As mulheres não são voluntárias à vossa disposição que às vezes dizem que não só para dar mais pica. Dá para entender?

O mais engraçado é que esta decisão vem do Tribunal da Relação do Porto, precisamente o mesmo que impediu o despedimento do tal recolector de lixo embriagado e disse na sentença que "trabalhar bêbado até pode melhorar a produtividade". Por favor, alguém condene este tribunal por estupidez aguda e achincalho massivo ao povo português.



Fotografia © Artur Machado/Global Imagens

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