quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

A República Checa e o taxi português.

Meus caros, lamento a falta de notícias mas estive ausente do país. Fui gozar (com) outras paragens. Com um grupo de amigos, fui passar uma semana a Praga e, embora tenha feito Erasmus em Brno (segunda cidade da República Checa), aquele país é sempre um caixinha de surpresas.

Fomos visitar a Biblioteca da Universidade de Praga. É um edífico moderníssimo, muito bem desenhado e equipado, mas tenho um defeito a apontar. É verdade que é uma biblioteca adequada a pessoas com deficiências motoras mas não está completamente disponível aos atletas para-olímpicos, o que me parece um pouco injusto.


Não estão à espera de ganhar medalhas nos 100m cadeiras de rodas, a não passar dos 5km, não é? Onde é que está essa ambição?

Por outro lado, há outra classe de trabalhadores que também é prejudicada na Rep. Checa. Em qualquer profissão, os trabalhos devem ser efectuados com as ferramentas adequadas e com uma habilidade própria para cada tarefa. Os roubos e assaltos não fogem a este princípio.


Assim também não estão a facilitar. Como é que é suposto assaltar um banco sem uma pistola? Isto é brincar com quem trabalha. Queria ver os gerentes dos bancos a tentarem assaltar uma loja qualquer só com um pau na mão. Fácil não era com certeza.


Durante Erasmus e esta semana, foram muitas as vezes que disse, ou ouvi, coisas como "Que país de terceiro mundo...", ou "Estes checos não batem bem de certeza.".  E, no meio disto, por mais parvoíces que Portugal tenha, ficamos sempre a achar que somos muito melhores. Mas, mal sabia eu que, ao aterrar em Lisboa há dois dias, iria ser presenteado com um episódio digno de, no mínimo, 14º mundo. Passo a relatar, resumidamente:

Apanho um táxi no aeroporto com a minha amiga, a Ana, com quem aterrei em Portugal vindo de Praga.

- É para onde?
- É para a Av. Roma e depois a minha amiga segue para a Gare do Oriente, se faz favor.

Já em andamento:

- Então e da Gare do Oriente é para onde?
- Ela vai apanhar o comboio para o Porto.
- E não quer que a leve lá menina?
- Não temos dinheiro para isso, obrigado.

O taxista prossegue:

- Não tem dinheiro! Ainda ontem fui levar (não sei quem) a Madrid!
- Se essa pessoa quiser pagar a viagem da minha amiga para o Porto, tudo bem!

E do nada, o taxista começa a barafustar:

- Está a dizer que não tem dinheiro? Você cresça e faça-se homenzinho!
- Desculpe lá, mas não está a falar com o seu filho.

Taxista aos berros:

- Tem mas é respeito que eu tenho idade para ser teu avô! (e tinha mesmo)
- Olhe, pode encostar que nós ficamos já aqui.
- Nem pensar! É para a Av. Roma é para a Av. Roma!
- Mas nós queremos ficar aqui e ponto final!
- Você é um "#%#$!
- Não seja ordinário que está uma senhora no carro.

Foi o descalabro. Daqui para a frente, foi um chorrilho de palavrões e ofensas. Eu e a Ana já nem respondíamos à senilidade do taxista por nem valer a pena. Lá encostou na Av. Roma, pensámos em chamar a polícia ou dar-lhe uma bofetada na cara, mas nenhuma das hipóteses adiantava alguma coisa.

Fiquei a pensar que não devia gozar tanto com a República Checa. Viva Portugal!




1 comentário:

  1. querido ainda dentro do carro, chamar a policia, ou anotar a matricula e fazer queixa

    caso o taxi fizesse parte de alguma empresa, telefonar pra la a reclamar tambem era uma opçao ;)

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