E a ambição de fazer a pior novela de todos os tempos.
Qual sobremesa gourmet que nos deixa a abarrotar de prazer no paladar após o prato principal, o Windeck explode-nos na cara logo depois do Jornal da Tarde na RTP.
É que nem sequer há tempo para um único anúncio sobre os produtos que têm desconto em cartão esta semana no Continente. É isto que se passa: “O Jornal da Tarde regressa amanhã. Boa tarde!”…” WINDECK, wobaba, WINDECK, wobaba!”. Logo assim. Sem hesitar um segundo.
Sinto que Angola nos invade a casa em jeito de vingança da guerra colonial mas em forma de novela. Como se não bastasse termos tido que levar com o Hélder, o Rei do Kuduro.
Confesso que já vi vários episódios e ainda não percebi absolutamente nada da história. Isto porque ou aparece no plano uma camisa de cores mais berrante que os fatos do Goucha e que ofusca qualquer um, ou porque aparece uma senhora de seios tão grandes que me faz desligar todos os sentidos menos a visão.
Curiosamente, o colorido das roupas e o tamanho do mamaçal (conjunto de muitos seios em comunhão num mesmo projecto) é inversamente proporcional ao talento para representar.
Ninguém usa roupa normal, qualquer personagem usa tanta cor ao mesmo tempo que fazem o Batatinha parecer monocromático. E se, em vez de "actores", estivessem beterrabas a ter uma discussão com uma alface acerca do pano de cozinha que traiu a colher de pau com um pacote de natas fora do prazo - sim, era ridículo - conseguia ser mais credível.
Windeck é tão mau, mas tão mau, que dá a volta e se torna bom. Ou cómico, pelo menos.
A cereja no topo do bolo é um actor português que faz de italiano. É uma mistura de Topo Gigio com Marco Bellini mas a vender pizzas de marca branca e com problemas ao nível da fala. Óptimo.
Suponho que o Windeck tenha sido uma boa (dependendo do critério) forma da RTP se financiar com o investimento angolano. E se assim foi, estou ansioso para que comecem a estrear novelas chinesas. Aposto que a história vai girar em torno de uma família feliz.
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