[No seguimento da crónica sobre os meus dias no Sudoeste, fica aqui a descrição dos dias que passei a seguir no Algarve.]
Ainda de ressaca do Sudoeste e com pó na gengiva (calma, era poeira, não era nada parecido com farinha), peguei no carro e fui para o Algarve, onde passei por Vilamoura, Albufeira e Portimão.
Seja onde for, a Get Lucky dos Daft Punk passa tantas vezes que até os surdos já a conseguiram ouvir. Há poucas coisas que não enjoam por mais que as tenhamos, como fazer sexo ou beber imperiais frescas. Mas a Get Lucky não é uma delas, e por mais piada que tenha tido já se tornou mais cansativa que ouvir a Bárbara Guimarães por mais de 30 segundos. Já chega.
Vilamoura é o costume. Reúnem-se os betos do Porto e os de Lisboa, juntam-se todos em discotecas ao ar livre e pavoneiam-se os egos, sempre com o objectivo de ficarem bêbados e de acabarem na cama com alguém, embora não o assumam directamente porque fica mal, sei lá, q’horror!
Até passei umas noites giras e ainda deu para encontrar pessoas interessantes, no meio de tanta gente que acha que é o último peixe palhaço do oceano.
Albufeira é o descalabro. O ar tem partículas de álcool e badalhoquice por todo o lado. Os bifes andam por lá aos berros com os níveis de testosterona a rebentar e as bifas até trepam paredes, tal é a vontade que alguém as pegue. Aqui é mais que assumida a vontade de beber até morrer e acabar na cama com alguém, ou com vários ao mesmo tempo.
Dos 14 aos 75, está tudo bêbado na rua. Além da Get Lucky, claro, todos os bares passam aquelas músicas brasileiras (tipo checherereche, piradinha ou do outro que quer chu e quer cha) que os bifes não entendem mas que adoram, porque percebem que têm uma aura tão bimba quanto eles. O ambiente naquelas ruas é tão promíscuo que pus logo um preservativo só para não apanhar DSTs por osmose.
Aguentei pouco mais de uma hora em Albufeira.
Em Portimão, é uma mistura de todas as pessoas possíveis, desde o mais beto ao mais labrego, mas com uma grande incidência de emigrantes e turistas “da” França. Golas para cima, coletes de ganga, cabelos ridículos e brilhantes nas orelhas (sim, podia ser o Cristiano Ronaldo). C’est magnifique et tu est trés jolie! Croissant! Dossier! Abat-jour! (palavras aleatórias em francês).
A melhor parte de Portimão foi ir jantar com os meus avós a um restaurante como deve ser e comer um robalo que pesava o mesmo que uma criança obesa. Impecável.
Para mim, não há nada como as praias da Costa Vicentina mas ainda tive uns bons dias no Algarve.
E tudo bem, nem toda a gente de férias no Algarve quer ficar bêbado e acabar na cama com alguém. Só quase toda a gente.
Já vos disse que a Get Lucky está sempre a dar? Supermercados, bares, talhos, peep shows, todo o lado. A sério, parem com isso.
P.S: Só peguei no jornal mesmo para a foto, para parecer que sou culto e informado.
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