A propósito do estado puro em que se vive na Herdade da Comporta (uma das zonas mais luxuosas da Europa) diz a Cristina Espírito Santo que "É como brincar aos pobrezinhos".
E assim se enche o meu coração de tanta ternura que estou a espumar da boca de comoção. Reparem que ela podia ter dito "brincar aos ratos do esgoto que passam fome e estão desempregados, esses parasitas da sociedade", mas não! A tia é tão amorosa que preferiu dizer "pobrezinhos". Estou embevecido. E agora, quem é que se atreve a acusar os ultra-betos de serem insensíveis perante o resto da sociedade? Isso, ninguém porque seria injusto.
Madre Cristina Espírito Santo da Comporta, tenho a certeza que a sua bondade não tem limites. Estou certo que atira milho para o chão quando passa no Rossio e vê pessoas com sapatos que custam menos de 500€ para lhes amparar a fome. Estou certo que chora (embora coloque uma máscara médica na cara para não apanhar doenças) sempre que vê um autocarro da Carris cheio de plebe, por achar odioso a forma como se transportam animais. Estou igualmente certo que envia latas de caviar para bairros carenciados como o Restelo, em Lisboa, ou a Foz, no Porto.
É de pessoas como a Cristina que o nosso país precisa. Caridosas, solidárias e que transmitam bons valores aos descendentes.
Com certeza que os filhos dela não perdem tempo a jogar à apanhada ou às escondidas como as outras crianças porque isso não ensina nada e até diverte menos. Brincam antes ao Centro de Emprego e ao Banco Alimentar Contra a Fome, de uma forma educativa e divertida. Basicamente, para estimular a imaginação porque são coisas que só existem nos filmes, para eles.
Ui! A animação que deve ser aquela miudagem! Parece que já os estou a ver a chegar estafados a casa, depois de uma tarde a brincar aos licenciados que trabalham na caixa do supermercado, para depois jantarem umas lagostas grelhadas em folhas de ouro e ostras ainda com pérolas. É merecido. Gasta-se muita energia a brincar aos pobres.
Titixa (como eu gosto de tratar a Cristina), se estiver a ler isto, um grande beijinho para si, para a Bibinha, para a Mituxa, a Xica, a Tuxa, a Tété e para todos os seus, que são todos uns fofos.
Mas cuidado com o mar da Comporta. Não se afogue em tanto pedantismo, tacanhez e mediocridade. Nada é tão triste como nos afogarmos no próprio vómito.
Boas férias.
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