sexta-feira, 29 de abril de 2011

O casamento Real. Em português, é o casamento surreal.

Ui, que dia feliz! É dia de casamento Real e a minha felicidade transborda o meu corpo como a barriga de um taxista sai por baixo da camisa com cheiro a estofos de napa. Melhor que isto, só se o casamento fosse em português.

O Guilherme, conhecido entre os amigos por Guga, porque é bem mais querido, sei lá (!), morava em Cascais. Usava cabelo à playmobil e ia ao Urban Beach todos os fins de semana para cumprimentar pessoas, mesmo que não as conhecesse de lado nenhum. Numa dessas noites, já exausto depois de tanto beijinho (o que vale é que é só um a cada) e aperto de mão distribuído, sai do Urban e ouve atrás de si: "Sóce, vou-te afanar, se fajes barulho levajuma chinada!". Era Cátia. Os seus olharares curazaram-se e o mais improvável aconteceu - Deixem de ser ridículos, claro que não estou a falar de amor à primeira vista. - O Guga era tão palerma que foi mesmo assaltado pela Cátia.
Cátia Soraia, também conhecida como Kátia Super Ghetto, morava em Chelas. Usava argolas de ouro, suficientemente grandes para pendurar o Marques Mendes, e tinha um gosto musical alargado. Tanto ouvia Hélder, o Rei do Kuduro, como ouvia Tony Carreira. Cátia sonhava com um casamento lindo, como o de William e Kate, e em ter filhos que traficassem droga para a sustentar (quando é com boas intenções, não é  crime), para não ter que fazer nada durante toda a vida, como William e Kate.
Saltando a parte do engate, por ser mais enfadonho que o Francisco Ferreira (aquele careca da Quercus), o casamento foi mesmo marcado.
O consenso foi díficil mas lá foi alcançado. A cerimónia teve lugar na Basílica da Estrela, o "copo de água" celebrou-se no Chimarrão do Colombo, primeiro de fraque e vestido, depois, fato de treino a condizer. Houve champagne e vodka do Lidl, houve valsa e houve kizomba. 
Quando o álcool começa a fazer efeito, facilmente vem ao de cima o clássico do culto labrego - a gravata na cabeça. A lua-de-mel foi passada no Brasil, mas numa favela, para se manter o equilíbrio.

Isto sim, era um casamento a sério. Este eu via pela TV e ainda comprava um daqueles pratos de porcelana com a cara do Guga e da Kátia.
Agora despeço-me, tenho que ir ver a repetição do beijo do William e da Kate mais 20.000 vezes.


Sem comentários:

Enviar um comentário