segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

A bandeirola do menino Jesus

A época natalícia chegou ao seu auge. As iluminações de rua brilham por todo o lado, o consumismo desenfreado fez-se sentir no ar, as musiquinhas características já irritam. Por causa da tão mal fadada crise, este Natal foi mais severo e muitas famílias viram-se obrigadas a cortar em certos gastos, tal como o Governo aconselha. Quem costumava comer bacalhau, comeu antes uma lata de atum, e quem estava habituado a peru teve que se contentar com um franguinho da Guia. Mas não é só. Os bolos Rei foram substituídos por donuts com fruta cristalizada, enquanto que os pinheiros, tão carinhosamente decorados todos os anos, deram lugar a bonsais.

É triste mas tem de ser, há que cortar nos gastos, há que impedir o consumismo natalício, não vá isso alavancar a economia e o país melhorar a sua situação financeira (nem que seja por um mês)! E é na tarefa estóica de travar o apelo ao consumo desta época que surge o precioso auxílio da Igreja sob a forma de Bandeirola do Menino Jesus (há quem chame estandarte, mas eu gosto mais de bandeirola). Esta bandeirola representa, supostamente, os valores tradicionais do Natal e opõe-se ao consumismo. Agora o mais importante, por uns espantosos 12€ (mais portes de envio), pode obter em sua casa um fantástico “Kit Estandarte de Natal” que inclui a bandeirola, uma mensagem do Bispo D. Carlos Azevedo e ainda um espectacular Evangelho Diário!
Com esta ideia paradoxalmente genial, a Igreja não faz mais que canalizar todo o consumismo da sociedade cristã para a compra massiva deste kit com intenções beneméritas. Ou seja, troca o consumismo pelo consumismo, o que é óptimo! É como se os talhantes fossem vegetarianos mas continuassem a adorar vender peru recheado. Sempre com ideias inovadoras a Igreja!

Esta luta contra o consumismo na forma de S. Nicolau – vulgo Pai Natal - tem tido uma grande adesão por partes dos cristãos, e é desta forma que o menino Jesus surge pendurado em tantas janelas, tal qual o filho bebé do Michael Jackson naquele hotel de Berlim. Mas, o que é intrigante, é o facto de não se verem estas bandeirolas em, por exemplo, bairros sociais ou mais carenciados. Onde se vê com frequência aliás, é nas zonas “nobres” da capital. BMW e Mercedes à porta, brutas casa com todas as comodidades possíveis e imagináveis…mas atenção! No dia 25 não se gasta dinheiro em banalidades! Sim, p'favor, pa' isso há os outros 364 dias, tá a ver? Além disso aquele menino à janela fica súpê amoroso!

Por outro lado, e não querendo ser intriguista, não deixo de achar curioso que numa altura em que surgem cada vez mais casos de padres pedófilos, se insista em pôr uma criança nua à janela. Há limites.

Enfim, que todos tenham tido um feliz Natal, com ou sem menino Jesus, com mais ou menos idiotices.




segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Centro de Emprego - a comemoração ao vivo da biodiversidade.

Há poucos dias tive que me deslocar ao Centro de Emprego para obter uma declaração. Durante todo o percurso até lá, seguia angustiado a pensar na seca descomunal que iria apanhar à espera da minha vez. Surpresa, o Centro de Emprego é um mundo encantado onde coexistem seres humanos normais e outras subespécies mais raras - o que proporciona um bom pedaço de entretenimento a um intrépido explorador como eu.
Entre as subespécies mais raras, encontram-se aquelas pessoas que estão realmente transtornadas com a vida e precisam mesmo de um trabalho. Entre os seres mais comuns, transparece a despreocupação de quem vive facilmente com o subsídio de desemprego e apenas tem que se apresentar periodicamente naquele espaço.

Enquanto esperava calmamente a minha vez, fui observando o que me rodeava. Uma senhora chinesa, com um bigode de fazer inveja ao António Sala, pediu um formulário qualquer. Estava vestida com roupa de restaurante das suas origens, mas fiquei com a ideia que procurava na vida algo mais que fritar crepes ou cortar em pedacinhos os seus familiares idosos para fazer chop suey.  O que se passava é que a senhora precisava de preencher um formulário (após ter tirado uma senha branca) para depois tirar uma senha verde (um daqueles mimos da burocracia). Acontece que o seu telemóvel tocou, ela atendeu e uma funcionária do Centro gritou "Lá fora! Tem que falar lá fora!". A senhora chinesa acatou a ordem, foi lá fora e voltou passados 5 minutos. Dirigiu-se à mesma funcionária e pediu então a senha verde. A funcionária diz "Agora já não dá, já passa das 16h, só amanhã." - já vi maneiras mais subtis de dizer "Volta para a tua terra que aqui não há emprego para ti sua chinoca!".

Durante o tempo em que lá estive, entre toda a diversidade de seres, fiquei impressionado com a quantidade de gordos, muito gordos, que lá havia. Fiquei a pensar que, de facto, devem precisar de 2 ou 3 empregos para sustentar aquele porte físico. Por outro lado, se forem mesmo desempregados também não é assim tão dramático, já vi ursos polares sobreviverem aos Invernos rigorosos do Pólo Norte com bem menos reservas.

A certa altura, entra pelo Centro adentro um indivíduo com um fato de treino do Benfica - clássico. Que vão assim para o Colombo, ou qualquer outro espaço comercial, até já estou habituado, no Centro de Emprego foi novidade. O pior é que, pelo ar alucinado dele, fiquei com a certeza que ele não estava ali para arranjar emprego. Fiquei antes o tempo todo a pensar que a qualquer minuto ele iria sacar de um arma, e do cartão de sócio do seu Benfas, e sequestrar todos os presentes exigindo a demissão do Jorge Jesus.

Como podem ver, o meu tempo de espera passou rapidamente. Foi como ver um episódio do BBC Vida Selvagem ao vivo. Quando dei por mim já estava a ser chamado e tive a sorte de me calhar uma funcionária competente e tudo! Pena que o código de trabalho não reconheça (e, por isso, não consta na base de dados do Centro de Emprego) a minha área profissional, marketing. Tive que escolher outra área. Sugeri "político", mas logo achei que não era reconhecido no código de trabalho nem em lado nenhum.



 

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

A República Checa e o taxi português.

Meus caros, lamento a falta de notícias mas estive ausente do país. Fui gozar (com) outras paragens. Com um grupo de amigos, fui passar uma semana a Praga e, embora tenha feito Erasmus em Brno (segunda cidade da República Checa), aquele país é sempre um caixinha de surpresas.

Fomos visitar a Biblioteca da Universidade de Praga. É um edífico moderníssimo, muito bem desenhado e equipado, mas tenho um defeito a apontar. É verdade que é uma biblioteca adequada a pessoas com deficiências motoras mas não está completamente disponível aos atletas para-olímpicos, o que me parece um pouco injusto.


Não estão à espera de ganhar medalhas nos 100m cadeiras de rodas, a não passar dos 5km, não é? Onde é que está essa ambição?

Por outro lado, há outra classe de trabalhadores que também é prejudicada na Rep. Checa. Em qualquer profissão, os trabalhos devem ser efectuados com as ferramentas adequadas e com uma habilidade própria para cada tarefa. Os roubos e assaltos não fogem a este princípio.


Assim também não estão a facilitar. Como é que é suposto assaltar um banco sem uma pistola? Isto é brincar com quem trabalha. Queria ver os gerentes dos bancos a tentarem assaltar uma loja qualquer só com um pau na mão. Fácil não era com certeza.


Durante Erasmus e esta semana, foram muitas as vezes que disse, ou ouvi, coisas como "Que país de terceiro mundo...", ou "Estes checos não batem bem de certeza.".  E, no meio disto, por mais parvoíces que Portugal tenha, ficamos sempre a achar que somos muito melhores. Mas, mal sabia eu que, ao aterrar em Lisboa há dois dias, iria ser presenteado com um episódio digno de, no mínimo, 14º mundo. Passo a relatar, resumidamente:

Apanho um táxi no aeroporto com a minha amiga, a Ana, com quem aterrei em Portugal vindo de Praga.

- É para onde?
- É para a Av. Roma e depois a minha amiga segue para a Gare do Oriente, se faz favor.

Já em andamento:

- Então e da Gare do Oriente é para onde?
- Ela vai apanhar o comboio para o Porto.
- E não quer que a leve lá menina?
- Não temos dinheiro para isso, obrigado.

O taxista prossegue:

- Não tem dinheiro! Ainda ontem fui levar (não sei quem) a Madrid!
- Se essa pessoa quiser pagar a viagem da minha amiga para o Porto, tudo bem!

E do nada, o taxista começa a barafustar:

- Está a dizer que não tem dinheiro? Você cresça e faça-se homenzinho!
- Desculpe lá, mas não está a falar com o seu filho.

Taxista aos berros:

- Tem mas é respeito que eu tenho idade para ser teu avô! (e tinha mesmo)
- Olhe, pode encostar que nós ficamos já aqui.
- Nem pensar! É para a Av. Roma é para a Av. Roma!
- Mas nós queremos ficar aqui e ponto final!
- Você é um "#%#$!
- Não seja ordinário que está uma senhora no carro.

Foi o descalabro. Daqui para a frente, foi um chorrilho de palavrões e ofensas. Eu e a Ana já nem respondíamos à senilidade do taxista por nem valer a pena. Lá encostou na Av. Roma, pensámos em chamar a polícia ou dar-lhe uma bofetada na cara, mas nenhuma das hipóteses adiantava alguma coisa.

Fiquei a pensar que não devia gozar tanto com a República Checa. Viva Portugal!




terça-feira, 23 de novembro de 2010

O Papa, os blindados e as ervilhas.

Em declarações recentes, o Papa Bento XVI admitiu o uso do preservativo como medida de combate à transmissão de doenças sexuais. O eco destas declarações não se demorou a fazer sentir e as reacções positivas surgiram de toda a parte. Dos vários cantos do mundo ouviu-se que tais declarações papais se tratavam de um grande passo, que eram um avanço muito importante para a Igreja Católica, que eram um sinal de evolução, e por aí fora...um rol de "palmadinhas" nas costas do Papa. Sim senhor! Se é para isto também quero ser Papa! Vou à comunicação social constatar o óbvio e sou o maior!

Eu, a falar para a comunicação social, em pleno ano 2010:

- Caros senhores, estamos aqui reunidos... - a falar com aquele entusiasmo de discurso político de quem acha que está a ser genial mas não está a dizer nada de jeito - ...para vos informar que a Terra é redonda!

Toda a gente:

- Wohooooo! És o maior pá! Ah "ganda" Diogo!

- E mais! - prossigo eu com uma confiança cega nas minhas próprias palavras - Quero também aqui informar, que para se fazer ervilhas com ovos...é preciso não só ervilhas, como também...ovos!

Claro que a admiração por mim seria logo expressa:

- Como é que descobriste? És um génio Diogo!
- Casa comigo!
- Dá-me a tua camisola e faz-me ervilhas com ovos!

Seria a loucura, o devaneio total, a apoteose da constatação do óbvio.

Além disto, não percebo porque se fala tanto da questão do atraso dos blindados e porque é que se gerou tanta indignação à volta deste assunto, visto que em matéria de atrasos ainda somos uns meninos.
Ora, o Berlusconi chegou uma hora atrasado à Cimeira da NATO, os blindados chegaram a Portugal com duas semanas de atraso, as declarações proferidas pela Igreja chegaram com dois séculos de atraso.  No fundo, as declarações do Papa agora têm tanta utilidade quanto os blindados dois dias depois do fim da Cimeira.

Com um pouco de sorte, em 2310 a Igreja ainda vem dizer que o preservativo também se pode usar como método contraceptivo! Que audácia!



quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Regressão à infância e a febre dos desenhos animados.


Em mais uma expressão clara do poder do Facebook, tem-se assistido a uma invasão massiva de desenhos animados como fotos de perfil. Apesar de tanto boneco junto já começar a ser extremamente boring, consigo perceber que traga uma certa nostalgia e que uma grande maioria esteja deliciada com o fenómeno. Agora, não posso deixar de sentir pena por algumas pessoas cuja infância ficou marcada pela Hello Kitty ou o Topo Gigio. Tanto desenho animado em condições e foram estes palermas que os marcaram? Pobres infelizes. Se é para isto, mais valia terem ido trabalhar para a fábrica de uma grande multinacional, como fazem as crianças da Indonésia - sim, elas não são obrigadas, só vão porque não têm desenhos animados decentes para ver.

Imaginemos agora, se esta regressão à infância fosse extrapolada para a vida real. 

Suponho que muita gente iria para o trabalho ao pé "coxinho", como quem joga à "Macaca".  Aqueles que optam pelo autocarro, iriam colados ao motorista a perguntar, de 2 em 2 minutos, "Já chegámos? Quanto tempo é que falta?".  Claro que o último a chegar ao trabalho seria um ovo podre e quando fosse altura de entregar o relatório ao chefe, jogava-se à "Apanhada" ou à "Batata Quente" (acho que isto já é mais usual).

Pela hora de almoço, a cantina das empresas seria um inferno. Um monte de engravatados a chorar e berrar para não comerem a sopa toda, enquanto outros lá se resignavam desde que alguém lhes desse a sopa à boca e empregasse a técnica do aviãozinho. Acabados de comer, lá iam felizes para o recreio - fumar um cigarro e beber um café - mas não sem antes atirarem uns balões de água aos fiscais da EMEL que passavam na rua.

De volta ao trabalho, o mais espertalhão da turma, ou departamento (como queiram), punha a circular um pequeno bilhete a dizer "O Zé das fotocópias faz xixi na cama ihihih" - o que causaria a gargalhada geral. E que reboliço seria! Se o chefe apanhasse o autor da brincadeira é que era pior...teria que ir para o canto da sala, ficar de pé e de costas para os colegas, até ao fim do horário laboral!

Já em casa, uma discussão conjugal sobre o facto de o marido não ajudar a mulher nas tarefas domésticas seria qualquer coisa como:

- Nunca me ajudas a fazer o jantar ou a arrumar a casa! És um egoísta preguiçoso!
- Quem diz é quem é!
- E pára de ser infantil!
- Não estou a ser infantil! Tu é que cheiras mal da boca!

Claro que uma divergência destas seria facilmente ultrapassada com uma sessão de sexo ardente. Num contexto normal o marido diria:

- Estou louco para te despir e atirar para cima da cama...
- Mas hoje sê mais meigo que não quero à bruta...'tá?

Dado a regressão à infância verificada, o diálogo seria:

- Queres brincar aos pais e às mães?
- Sim, mas hoje não vale bujas!

É no meio desta brincadeira que se ouve o filho do casal gritar do lado de fora do quarto:

- Mãaaae! Paaaaai! Ainda tenho foooome! Estão a brincar às "Escondidas"?
- Sim, a mamã já vai, agora está no coito! 

Ok, rebenta a bolha.












segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Uma Aventura no Supermercado


Toda a gente se lembra da famosa colecção “Uma Aventura”, da Ana Maria Magalhães e da Isabel Alçada (a própria que se meteu na bela aventura do Ministério da Educação). Uma destas aventuras passa-se no supermercado, onde os protagonistas descobrem diamantes nos tubos de pasta de dentes, certo? Pois, mas não me aconteceu nada disso. Claro que não, até porque para isso acontecer não poderia ter ido ao supermercado sozinho. Tinha que levar um amigo que gostasse de “andar à porrada” por tudo e por nada, um com a mania que é espertalhão, umas gémeas palermas e eu podia ser o outro, aquele que só existia para ser dono do cão.

De qualquer forma, uma ida ao supermercado pode sempre ser uma aventura carregada de adrenalina, mesmo não envolvendo diamantes ou grupos de amigos multifuncionais.

Vou frequentemente ao Pingo Doce ao pé de casa. Lá, tento sempre fazer uma análise do desempenho dos “caixas”. Vejo os que são mais rápidos, que fazem as filas andar a bom ritmo, os que se enganam nos trocos, os que são mesmo nabos (o que é obra para quem só tem de passar códigos de barras num leitor), e por aí fora. Depois desta análise, sempre que me dirijo à caixa escolho o que me dá garantias de pagamento mais rápido, tal qual um treinador que escolhe o seu melhor ponta-de-lança. E foi desta forma que cheguei à conclusão que sou um Carlos Queiroz dos “caixas”. Fico sempre na fila mais lenta e quando é a minha vez de ser atendido e me perguntam “Quer saquinho?”, já só me apetece responder “Não quero porra de saquinho nenhum, não vê que já tenho um na mão e só comprei um pacote de massa?”. Parecendo que não, isto mói.

Mas aventura a sério foi na altura do lançamento da maravilhosa campanha do Pingo Doce que abalou Portugal e perpetuou uma imagem saloia do nosso país. Aí sim, as minhas idas a este supermercado eram uma autêntica prova dos Jogos Sem Fronteiras, tal era a velocidade a que me deslocava entre prateleiras e saltava por cima de velhotas. É que por esta altura, cada loja Pingo Doce debitava o seu jingle publicitário de 2 em 2 minutos, que me fazia querer ir ao Pingo Doce só de Janeiro em Janeiro. Suponho que se o Van Gogh lá passasse teria cortado a outra orelha.

Finalmente, algum génio conseguiu lembrar-se que era agoniante fazer compras sem tampões auriculares e pararam de massacrar clientes. Hoje em dia sou mais feliz a circular no supermercado em questão, e já tolero melhor quando estou a querer pagar, e a senhora da frente, que acabou de descobrir que é vizinha da menina da caixa, está a falar dos melhores autocarros para voltar para casa – “Oh menina, vá de 42 até Chelas e depois muda para o 35!”. Haja paciência.


 








Elvis goes shopping and..........................................so does Chewbacca.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Se é para manifestar, é para manifestar à séria!


O dia de ontem ficou marcado pela manifestação nacional dos estudantes do secundário. Apesar de alguns nem sequer saberem porque é que se estavam a manifestar (mas é sempre fixe e é menos um dia de aulas para ir), outros estavam cientes que era urgente defender os seus interesses. Se em Lisboa se contestava a falta de funcionários nas escolas (é que há tão poucos que os estudantes podem fumar charros à vontade - e sem perigo de serem apanhados não tem a mesma piada), já em Beja, pedia-se o fim dos exames e do regime de faltas. Isto sim, são alentejanos contemporâneos que lutam contra o estigma do "alentejano preguiçoso-que-não-faz-nada-sem-ser-dormir". Sim, porque sem exames e sem regime de faltas não quer necessariamente dizer que eles fossem ficar em casa a dormir! Iam era, com certeza, fazer algo mais produtivo como...agora, de repente, não estou a ver.

Embora os motivos da manifestação em Beja fossem extremamente plausíveis, a adesão à causa não foi massiva. Num percurso de cerca de 200 metros, e escoltados por dois carros e uma mota da polícia (10 agentes no total), a mensagem de protesto foi espalhada...por 5 estudantes. Houve quem fosse levado a crer que se tratava de uma manifestação de agentes da PSP escoltada por 5 miúdos à paisana.

Depois de mostrarem um pouco o seu desagrado, a campainha soou anunciando o fim do intervalo e os miúdos acabaram com a parvoíce e foram para a aula, antes que desse o 2º toque e levassem falta.


terça-feira, 9 de novembro de 2010

Crime e Castigo (para crianças do futebol)

Numa medida inédita, Sporting e Benfica decidem aplicar o mesmo castigo aos jogadores Maniche e Luisão. Após análise dos seus recentes comportamentos em campo, foi determinada uma causa única nos dois casos. Desta forma, os clubes proibiram o antigo hábito que estes jogadores tinham de ver filmes do Chuck Norris antes dos jogos. Para além disto, Maniche e Luisão vão integrar as equipas dos escalões infantis das respectivas equipas por reveleram uma maturidade futebolística própria desta faixa etária.

Caso as sanções não surtam efeito, os jogadores devem abandonar as carreiras futebolísticas e enveredar pelo mundo da moda, visto terem sido bafejados pela Natureza por uma beleza rara.






segunda-feira, 8 de novembro de 2010

No rescaldo do Porto - Benfica

As claques do Benfica já anunciaram que na próxima deslocação ao Estádio do Dragão, serão eles próprios a apedrejar veementemente (esta palavra eles não usaram, não sabem o que significa) o autocarro do SLB. Assim, o Luís Filipe Vieira anuncia que não há condições para jogar, que no fundo foi o que aconteceu ontem apesar de ainda se terem equipado.
 
 

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Dicionário Político-Português (com variantes)


Tantas vezes são aquelas em que os políticos são apelidados de hipócritas, gatunos, filhos de senhoras que recebem dinheiro em troca de sexo, e outros termos carinhosos. No entanto, outras tantas vezes, estes nem sequer são compreendidos por uma grande parte da população portuguesa.
Torna-se premente a criação deste dicionário, que espero poder contribuir para uma melhor comunicação entre os diversos sectores da nossa sociedade. Para uma aprendizagem mais rápida, são dispostas frases por inteiro seguindo-se as respectivas traduções.


Político: Apelo à cooperação das forças políticas para que se possa alcançar a estabilidade dos mercados!

Português da tasca: É bom que ajudes o teu irmão a tratar disto, antes que leves no focinho!
Português dos mitras: Gira lá o teu ‘móvel antes que levejuma chinada!

Político: O seu discurso é falacioso e não passa de uma espiral de contradições!

Português da tasca: Ainda não mandastes uma pá caixa!
Português dos mitras: Sóce, eu não fui à escola, não percebo o que tájadizer.

Político: Muito bem! Apoiado!

Português da tasca: Eheh (e coça a barriga)
Português dos mitras: Ya sóce.

Político: É preciso uma rectificação urgente ao Orçamento do Estado!

Português da tasca: Já te enganaste a fazer a merda das contas, seu cara de cu!
Português dos mitras: Tájóvir? Tájadever-me déjeuros pute!

Político: O senhor é um demagogo!

Português da tasca: É pá, és um merdas!
Português dos mitras: Ya, tipo, vai para a #$%& da tua mãe!


Por este prisma, o discurso político é o menos pragmático. Embora os outros dois tipos de discurso estejam pejados de violência, têm o mérito de levar à acção mais facilmente.

Mais tarde, traduzirei o discurso político para outras variantes do português.


 

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Graças a quem?

Chego ao trabalho.
Digo: “Esse fim-de-semana, foi bom?”
Oiço: “Foi, graças a deus!”
Penso: “Boring…”

Mas o que é que deus (sim, sou daqueles hereges rebeldes que escreve deus com letra minúscula porque não estou a falar de nenhum deus em particular) tem a ver com o fim-de-semana?

Ora, pensemos num casal ainda jovem e com filhos pequenos. É sábado, o casal acorda e os putos já estão a ver desenhos animados na TV, graças a deus (porque inventou os desenhos animados, de certeza). O almoço sabe bem e vão andar todos de bicicleta à tarde. Graças a deus ninguém se aleijou e a digestão não causou mal-estar! À noite, o Benfica ganha. Graças a Jesus? Quase isso. Graças a deus (e neste caso não é o Maradona)!
Para acabar em beleza, o sexo conjugal corre às mil maravilhas. Foi deus a dar uma mãozinha? Esperemos que não.

Ok, acreditemos que deus existe. Desculpem lá, acham mesmo que ele se ia preocupar com a porcaria do vosso fim-de-semana? Não tem milagres para fazer, é? Criancinhas para salvar? Padres para impedir de serem pedófilos? Tem tempo livre suficiente para andar a brincar às famílias felizes?

Dilema de Deus (por exemplo, o cristão) num sábado “Salvar os paquistaneses das cheias ou não deixar o Pedrinho cair da bicicleta? Ora, o Pedrinho vai à missa todos os domingos. Os paquistaneses nem sequer acreditam em mim. Parece-me óbvio.”



terça-feira, 2 de novembro de 2010

E a birra continua.

Hoje começa o debate parlamentar sobre o OE 2011.

As mães dos deputados podem pôr os biberons já a aquecer porque o mais certo é isto dar birra outra vez.

Volta e meia, surgem notícias de confrontos físicos em certos parlamentos, como no México ou Ucrânia, mas isso são países de "duros". Não deixam de ser óptimos exemplos para as respectivas comunidades, já de si com baixos índices de violência, mas aqui em Portugal até a palavra "confrontos" já soa a exagero. Aqui, é mais à base do mimo.

Governo: "Eu quero reduzir o défice e não quero saber das famílias pobrezinhas!"
Oposição. "Ooohhh, mas porquê? Não subas os impostos, vá láaaaa!"
Governo: "Já disse que não pode ser, eu é que inventei a brincadeira, eu é que mando!"
Oposição: "Ah é? Então não brinco mais contigo! Brincas tu sozinho e nunca mais sou teu amigo!"
Governo: "Mariquinhas! Não queres brincar porque se isto correr mal vou sozinho para o castigo!"
Oposição: "Quem diz é quem é e o teu pai cheira a chulé!"

 E assim seguem alegremente, até a mãe (provavelmente o FMI) ralhar com eles e dizer para pararem com as parvoíces.



sexta-feira, 29 de outubro de 2010

As drogas que eles inventam...

Na sua recentemente lançada auto-biografia, Keith Richards (guitarrista dos Rolling Stones), além de confirmar que snifou as cinzas do pai misturadas com cocaína, confirma também que deixou entrar polícias na sua casa por achar que eram "anões azuis de capacete", quando estava a viajar no LSD. 

Confesso que tudo isto me deixa um pouco intrigado. Quer dizer, isto de snifar as cinzas do pai nem tanto. É como se estivesse a aspirar as cinzas de um cigarro pelo nariz, mas suponho que ninguém vá fumar o próprio pai, nem mesmo injectar a mãe ou meter uma pastilha de avó.

Já a questão dos polícias deixa-me mais inquieto. É que, sendo como descreve o Keith, há uma enormidade de vezes que devo andar a curtir LSD sem saber. Como se não bastasse ver anões azuis de boina (versão light do capacete), estes ainda são gordos e usam bigode - a minha trip é mais elaborada. Estou preocupado...visto que não dou nos alucinogénicos propositadamente, só pode querer dizer que alguém me anda a drogar cada vez que ando pelas ruas de Lisboa.

Bem me parecia que aquilo não eram polícias a sério. Tenho de trocar de amigos porque estes põe-me sob o efeito de estupefacientes às escondidas.



quinta-feira, 28 de outubro de 2010

No recreio.

O falhanço das negociações do OE entre o Governo e o PSD podem custar 133 milhões de € em juros exigidos a Portugal. Nem a Paris Hilton faz birras tão caras.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Prostituição iluminada


Numa cidade de Espanha, mais concretamente em Els Alamus, na Catalunha, foi decretada a obrigatoriedade de as prostitutas usarem coletes reflectores enquanto estão a procurar clientes pelas estradas.
Creio que facilmente as prostitutas acatarão esta medida, visto que a coima aplicada sobre a infracção de não usar colete é de 40 euros. E assim sendo, se por exemplo, ao fim de duas horas de trabalho fossem multadas, é como se estivessem estado a trabalhar para aquecer…literalmente.

Por outro lado, além da questão da segurança rodoviária e dada a crise que atravessamos, esta medida parece-me bastante pertinente nos dias que correm. Com o uso dos coletes reflectores passará a ser possível reduzir os custos de iluminação nas fachadas dos bordéis e cortar no consumo de néon. Sugiro que a próxima medida a tomar seja a obrigatoriedade do uso de tendas Quechua para a prática da “prostituição rodoviária”. Poupa-se o dinheiro gasto em quartos de motel e ainda se poupa em tempo, visto que a tenda se monta em 2 segundos.

No entanto, estas senhoras de cama incerta têm de avaliar bem a balança económica da sua actividade. Evidentemente, uma multa é uma falha orçamental considerável mas há outro factor a ter em conta - a atracção despertada no cliente. Ora, uma prostituta de berma de estrada não é atraente, se fosse, seria uma acompanhante de luxo ou melhor, casaria com um velho extremamente rico e deixaria a prostituição. Quer dizer, não deixaria, passava era a ter apenas um cliente. Seja como for, se por si só este tipo de profissionais do sexo não é atraente, provavelmente compensa mais pagar a multa do que perder uma série de clientes por ser confundida com um ciclista nocturno. Ou então ganhava novos clientes, já nem sei.


terça-feira, 26 de outubro de 2010

Pequenos pormenores


Nos milhões de pormenores que nos rodeiam na vida quotidiana, há uns particularmente parvos.

Por exemplo, pôr as mãos nos bolsos e deixar o polegar de fora. Sinceramente, não entendo – e não me venham dizer que dá estilo, tipo cowboy, porque não dá. O que me dá mesmo impressão é que esta tomada de posição perante o polegar é uma clara discriminação: “Ah, este é gordo e anão, pode ficar ao frio!”. Não se faz. Tem tanto direito ao calor e segurança do bolso quanto os outros.

Octogenários com pressa…este é outro caso. Sou apologista do “aproveitar a vida” e concordo que um pouco de adrenalina nos faz sentir vivos, mas será mesmo necessário atravessar a rotunda do Marquês de Pombal com o semáforo vermelho? Pior ainda, quando se atravessa a estrada a dar passinhos de bebé – o que não deixa de ser irónico. Se estes senhores querem adrenalina, experimentem ir para a Loja do Cidadão dos Restauradores, também acelera o batimento cardíaco mas sempre é menor o risco de partir a bacia.

De todo o pormenor fértil em idiotice, há um que me corrói as entranhas sempre que sou presenteado com tão execrável acto. O que é? É a mania que algumas pessoas têm de dizer tudo com diminutivos – mas pior, não só dizem tudo em diminutivos como ainda têm o desplante de usar na mesma frase as terminações “inho” e “ito”. Ora, chego bem disposto a um café e peço “Quero um pão com manteiga e um café, se faz favor”. Respondem-me com uma voz fininha e um sorriso forçado enquanto dizem “Aqui está o seu cafezinho e o pãozinho com manteiguita! Quer mais alguma coisinha? Olhe que temos aqui um óptimo suminho de laranjita!” – que insuportável! É que nem nos livros da Anita se fala assim! É nestas alturas que devia aparecer uma mão gigante a desferir um par de galhetas no energúmeno que fala assim.

Estes tipos de vivências do dia-a-dia são altamente desgastantes para quem tem o infortúnio de as presenciar. Mas deixo o desafio, experimentem atravessar seis faixas de rodagem à hora de ponta, com as mãos nos bolsos e o polegar de fora, e a gritar “Cuidadinho! Não quero ficar aleijadito!”. É uma sugestão.


sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Isso do coleccionismo, ou lá o que é.


 É natural que vocês não saibam, eu próprio acabei de aprender, que os coleccionadores de BD são conhecidos como BDéfilos. Sim, já sei que parece o nome de uma atrofia muscular ou de um parasita que nos corrói o cérebro, mas não, é mesmo o nome dado aos amantes dos heróis dos livros aos quadradinhos. E atenção, não confundir com os BiDéfilos, que são as pessoas que coleccionam bidés.

Por outro lado, BDéfilo parece um insulto. Já estou a ver os putos na escola – “É pá, oh seu banana!” – “Qu’é que tu queres meu BDéfilo?”. Este som “déf” soa-me bastante pejorativo, mas isto sou eu que não sou amante de criaturas com super-poderes. Além disso, esta fixação por super-heróis, geralmente do sexo masculino, bastante musculados e com uma tanguinha à Tarzan Taborda, traz-me sempre à ideia uma infância reveladora de pai ausente ou mesmo um piquinho a azedo.

“E tu pá, tens algum hobby?”
“Ah sim, faço colecção de miniaturas de carros!”
“Mas agora a sério, tens algum hobby?”

Seja como for, isto do coleccionismo não tem muito que se lhe diga. Podem dizer que é preciso muito amor e dedicação mas, como hobby, é muito fraquinho. Há pessoas que precisam de actividade física, há os que preferem exercitar a mente e há os que…coleccionam. Que boring.




 

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Biqueiradas no português

Vocêses hadem reparar que fala-se cada vez pior português.

Não à o mínimo cuidado no uso da nossa língua-mãe, e o mais grave é que isto estende-se a toda a sociedade, incluindo a comunicação social. Por exemplo, à poucos dias quando estava a fazer o comer p’ra ir comer (acho que tava a fritar uma hamburga), tava também a ver a Judite de Sousa naquela cena, a Ganda Entrevista. E não é que aquilo era “intochicação” para um lado “intochicação” para o outro?! E penso eu: “É pá oh Judite, já te ouvistes bem a falar? Tu és profissional pá! Não podes falar assim!”.
E prontos, é um exemplo! Até dava-vos outro se não faltá-se-me tempo.

Correio da Manhã


É certo e sabido, o Correio da Manhã é o jornal mais vendido em Portugal.
Ora, parece-me óbvio que venda mais uma capa a exclamar a gravidez da Bárbara Guimarães do que uma que foque as divergências dos partidos sobre o Orçamento de Estado. Com o cinto mais ou menos apertado, o povo sobrevive. Já a Bárbara Guimarães vir a ter descendência é bastante mais sofrível e os portugueses querem estar preparados.

Por mais que conheçamos o Correio da Manhã e o seu estilo acutilante e pertinente, há sempre espaço para mais surpresas. É sempre possível descobrirmos títulos de notícias como “Morreu Jaime Ovelhas, o violador de animais” ou “Senhor amputado devido a acidente de viação chama-se António Belo Couto”.

Indubitavelmente, o Correio da Manhã não se deixa adormecer e vai acompanhando a evolução das novas tecnologias. Navegando pelo seu site podemos encontrar uma aplicação incrível, de seu nome “Mortes Violentas”. Esta aplicação extraordinariamente útil é, no fundo, uma base de dados de todos os homicídios ocorridos em Portugal nos últimos anos. É possível pesquisar por data, região ou idade. Se isto não é jornalismo de investigação a sério, então não sei o que será. Quer dizer…de repente fiquei confuso. Pode ser jornalismo de investigação sim, mas também pode ser jornalismo desportivo – visto que parece tratar-se de caça ao coelho.

Seja como for, parece-me óptima esta ideia de enfatizar os detalhes dos crimes visto que – e isto é senso comum – é raríssimo o homicida que procura protagonismo.

Esta aplicação assemelha-se macabramente a uma colecção de cromos da Panini – edição super-assassino – ou então sou eu que sou sensivelmente idiota.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A sério Isabel?

Folheando esses intrépidos jornais nacionais, dei com a seguinte frase “Aceitei o meu corpo tal como é”. Podíamos ser levados a pensar que a autora de tal declaração seria o Malato, a Odete Santos ou a Lili Caneças – ah não, esta não podíamos – mas não, nenhuma destas senhoras proferiu tal coisa. Foi sim…a Isabel Figueira.

Hmm…a sério Isabel? De certeza que lidas bem com isso? Sinceramente, acho que isto é fazer pouco dos outros. Isto era como se o Cristiano Ronaldo dissesse “É pá, vou ter de me contentar com os pés que tenho”.